Para Taís, com gratidão
Abro a porta de nossa casa,
saco da bolsa de supermercado
a garrafa amarela,
meu super trunfo do dia
Ele sorri debochado:
- Ninho soleil, a força do solzinho
Escuto pela primeira vez
a potência de um diminutivo
É também amarela
a faixa do estacionamento
Encosto o carro com tudo
Arranho uma marca infantil
Eu só tenho sete
Taís me diz pra colocar mais tinta
no desenho que agora esboço:
- amarelo é alegria!
Não sei,
ainda prefiro o roxo.
Feridas caninas se cicatrizam
com violeta
- e sol - ela insiste
Os cartazes estão afixados pela cidade
encardidos, quase mostarda.
Rio do absurdo que posso ler:
"mãe Luciana traz a pessoa amada de volta
em pouco tempo"
Já sei colorir a dor
Meu olhos tendem ao mel
mas não vejo tanta doçura
se, para andar,
preciso perder você,
texto meu,
homem universal
A manteiga fica rançosa
com esse calor habitual
Ignoro recomendações de cooperativas agropecuárias:
"após aberto, manter resfriado"
Vou esquentar o clima,
sempre que puder,
no entanto, me ocorre o roxo
e não se usa muito essa cor no verão
A fivela amarela
no cabelo da moça
que trepa com a janela aberta
me irrita
As blusinhas flúor
das adolescentes também:
suas músicas de mal gosto,
seus trios, seus montes de meninos bêbados
Vejo no ocre solução possível
alegria sem artifício
luz buscando penumbra
uma mediação legítima
quase perfeita, erótica
Luchiana, a bisa diria,
- valho-me da pena de meu nome próprio para escrever -
sua poesia, bambina,
é um ajuste no tempo da luz.
:)
ResponderEliminar"rapidinho" tbm tem força. É superlativo.
Coisa de brasileiro...
Ou será que os portugueses tbm falam assim?
Meu Deus!! Estou tão (infelizmente) ausente que só percebi agora a série cores!!! Vou ter que recuperar os posts perdidos urgentemente!!!
ResponderEliminaré verdade, matt, você têm sido um interlocutor muito ausente.
ResponderEliminarapareça!
Agora eu voltei com gosto de gás! Kkkkk
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