martes, octubre 11, 2011

confissão

Contorno o bar atrasada. Preciso de um banho antes de seguir. De legging e tênis run, faço sucesso com a cachaçada de plantão. Rio por dentro para não dar mostras de satisfação, seria obsceno. Rir por dentro é super interativo. Penso que se estivesse dentro do bar estaria refletindo em profundidade se meu pau ficaria mais confortavelmente ajustado do lado esquerdo ou direito. Esquerdo, esquerdo - é o que maioria garante. Eu seria um homem comum, obviamente.

Agora em associação-livre penso em Il, que foi a melhor das mentiras que já inventei. Sem dúvida, minha melhor máscara para te ver passar, ó vida.

Os idiotas fecharam a rua e eu fiquei puta. Juro. Foi só isso. No entanto, pude escrever, bem assim, melodramaticazinha: “Il, coração, interditaram nossos caminhos e na avenida do impossível te vi partir. Estou machucada de falta.”

Ser mulher é sentir saudade e depois disso – apesar da vontade de tomar uma no bar, coçar o saco que não se tem e jogar sinuca – esperar o tempo passar em floreios encantadores. Ser mulher é colorir o preto no branco de nossos homens. Uma dureza, se deixar por conta deles, uma pobreza simbólica danada.

Ser mulher é botar palavra no silêncio de nossas casas, alegria no coração de nossos machos, é cantarolar uma música, assim, à toa e dar uma reboladinha com ares de despretensão, mas já sabendo antecipadamente o rumo dessa prosa.

3 comentarios:

  1. lindo! ai que saudade de vc.

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  2. fala, sucesso da psicanálise de belzonte!
    saudade demais too.
    to sabendo das novidades...parabéns!
    beijos.

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  3. vc tem um leque de cenas.. com análise, um velamento sensível, e os comentários que atravessam numa voz um pouco recuada em comentário no entanto sem prender um texto livre..literário... parece aqueles desenhos rápidos, que ganham força assim pelo traço sem dúvida, porque a dúvida, essa contraforça da obsessão, nesses desenhos não tem tempo de brotar, pelo contrário, os desenhos é que acontecem. talvez isso seja (em vez de rapidez simplesmente) leveza;..aquela que italo calvino propõe tão belamente "para o próximo milênio" (no seis propostas..) e essa leveza seja fundamental, tenha mais graça, seja até mais provável de ecoar.. uma certa leveza no pó, no planalto, até mesmo no hiato.. talvez isso seja mais importante que a lógica, das sentenças, construções, do que não se cabe..e é disso que a literatura se faz..

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