jueves, marzo 17, 2011

naufrágil

Fingi que escrevia um sonho
para mais uma vez poder falar
em saudade de você

Parecia um carnaval. Existia uma grande fazenda: era uma casa de praia na roça. Muito precocemente, teenagerzinha, quase infantil, eu abandonava as meninas. Eu só queria você, texto meu, homem universal. Sua prima irritava: ele não te quer, quer é seu irmão! Sua tia ordenava que eu lavasse todos os copos. Eu ia feliz, operária do meu amor, pagava a dívida que contraíra com sua família: trocar o clean por você, homem-carregado-texto, meu irmão. Você, quando se dava conta de tudo,se assustava e ameaçava fugir para nunca mais. Decidi, nesse ponto, redigir um despertar, antecipando o seu ato, me protegendo de...perder (?!).

A rotina me violenta, me emburrece, subtrai de mim quanta poesia.
Eu repito Ana feito papagaio:"que dor de não poder criar".
Basta um aceno, Il, e eu te perdôo
e me deito
e invento filho
num pedaço de papel.

2 comentarios:

Elton Pinheiro dijo...

essa coisa do homem universal..

"Você, quando se dava conta de tudo,se assustava e ameaçava fugir para nunca mais. Decidi, nesse ponto, redigir um despertar, antecipando o seu ato, me protegendo de...perder (?!)."



o "homem universal", não pôde dar ao mundo "uma" linguagem. o je est un autre de rimbaud, assim errado mesmo, apontava para um desejo de linguagem universal, mas o hoje da pós-modernidade derramou na gente (com derrida, lyotard (bem mais claramente), e lacan) um homem universal inexistente, impossível, desejoso ainda e criador de uma linguagem que talvez nem mesmo global possa vir a ser. o homem universal (ótimo título, estou acompanhando o desenvolvimento) está estilhaçado.

Matt Kane dijo...

Achei bonito (achei com o verbo sentir), mas queria saber entender com essas teorias todas que vcs sabem... Rsrsrs
Mas de rotina eu entendo, e esta parte posso dar aula de doutorado: "A rotina me violenta, me emburrece, subtrai de mim quanta poesia."