Escrever é um ato de coragem, mora? Você idealiza uma heroína japonesa que se antecipa às situações mais adversas com doze horas de fuso à sua frente. Uma heroína japonesa que pratica vandalismos de amor. Uma heroína japonesa que picha os nomes do amor no escuro de um quarto e que não figura em página nenhuma de mangá, até porque você não curte mangá, não curte muito o pop, na verdade tem um verdadeiro preconceito com a massa. É terrível, mas é assim. Idealiza uma mulher mega potente, piruzuda, competente no que se propõe, mas aí, meu chapa, quando vai ver, escreveu sobre a mocinha frágil que foi abandonada na avenida da derrelição e que inventa apelidinho carinhoso para o amor, desenhada num texto precarinho, precarinho. Escrever é isso aí: é não saber onde vai dar. É deixar tombar as idealizações. É mergulhar - eu ia dizer é mulherar - num deserto vasto (com perdão da redundância, mas só para tornar visível a solidão).
Não existe espaço para o medo quando se escreve. Você pode até escrever que teve medo quando avistou nada, mas para escrevê-lo não pode ter receio algum. O texto de alguém é o hiato entre o que se pretende e o que se fez à revelia do que se quis dizer e, olhe, é preciso reler de tempos em tempos o texto que se faz com surpresa e sem horror, que o horror paralisa.
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