martes, mayo 10, 2016

Quando você precisar faltar


Il, cheguei aos estertores do ridículo. Sou capaz de cantar um poste. To fazendo novela mexicana outra vez por qualquer coisa. Maria do Bairro, Maria Mercedes, Marimar na veia. Enfim, minha faxineira com quem discuto minha análise, às vezes, com o intuito de verificar se voz off esta alucinando ou falando algo que preste, faltou mais uma vez. Fui escrever um bilhete para ela e acho que escrevi uma carta de amor. Resolvi não enviar porque ela ia mais uma vez dar razão à minha analista e eu não to podendo com essas coisas. Além disso, percebi um desnível de linguagem. Como tenho me repetido seja com você, com a faxineira ou quem sabe com o poste (preciso tentar isso), resolvi te encaminhar. Veja se te serve, se não tente rir pelo menos um pouco da minha cara. Segue:


Quando for assim, me avisa antes. É injusto eu ficar sem tempo para pensar. Eu não estou pedindo grande coisa. Dois, três dias antes. Eu me ajeito, resolvo tudo rápido, arrumo alguém pra te substituir. Se dependesse só de mim, você poderia simplesmente faltar, mas to com aquele problema na coluna. Muita dor. Meu médico me proibiu de limpar qualquer coisa. Lembra quando eu te ajudei com o quartinho lá fora? Fiquei três dias sem andar. O tempo passou, minha amiga, algumas coisas mudam com o tempo, é incrível. Um sintoma, uma interferência, uma intervenção no corpo pode mudar sua cadeia discursiva, não é maravilhoso? Tipo aquela cirurgia que sua irmã fez e mudou o humor dela. Mesmo que depois essa mesma cadeia que te falei, tendenciosa à acomodação, retorne tudo para o mesmo lugar. Não é bom pensar que, mesmo por um lapso de tempo, as coisas mudam? Por falar nisso, odeio aquela história da minha analista que te contei sobre a hérnia de disco ser um trans-bordamento, um excesso e me colocar de novo com a cara para a repetição. Eu sobrevivo até a isso, se você quer saber, mas você me abandonar assim, no susto, diante de limitação tão horrorosa é muita sacanagem. Me avisa antes, quando você precisar faltar.

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