martes, septiembre 27, 2005

A Saudade de Sofia. O Caminho de Antonio. A Coisa.

Você bem que podia, Antonio, largar a sua casa, a sua mulher e seus filhos. Você bem que podia, Antonio. Não é que eu queira ficar com você. Longe de mim. O que me provoca, querido, o que me enlouquece a idéia é a agonia de não poder recebê-lo de volta e saber que ainda assim promovi a sua ira, a sua fome e uma revolta tão intensa, Antonio, e tão certeira que jamais de mim você esqueceria. O que se há de fazer Antonio quando se reconhece um desejo tão mesquinho e pouco palpável? Um desejo, Antonio, de outra coisa, e outra mais e mais outra coisa. Um desejo que não se esgota. E supor que existe em algum lugar algo que vá saciar essa fome assustadora. Mas que você não se engane. Sofia existe. Não essa de carne e osso que vos fala, mas a Outra. A idéia da Outra é o que te mata. Atenta para o Caminho, Antônio, e jamais queira de longe saber do que se trata.
Sofia Dufour.

No hay comentarios: