miércoles, octubre 26, 2005

Completude

Como fugir da terrível sensação que agora se instala em mim? E poderia dizer que foi a virada do tempo, a mão de um bebê que segurei até a sua morte ou mesmo um oi sorridente da zeladora sem espaço para mais nada. Mas devo confessar que atribuo tudo isso à um gole de café que tomei ali a pouco na cozinha do vizinho. O café tem esse poder sobre mim. Talvez o mesmo efeito poderoso que teria uma conversa constrangedora a algum tempo atrás. Acho que é isso. Uma sensação de constrangimento. É um sentimento tão anterior, tão primeiro que não saberia responder a que vem ou mesmo sua causa. Quero acabar - pensei. Um sentimento horrível de completude que raríssimas vezes me toma e é inevitável pensar: nada me falta. Nada me falta é duro de sentir. Um lampejar de completude. Duro. Cru. Mas logo o cotidiano vai mergulhando novamente em mim e trato de buscar o que falta. Quando completa tenho horror. Reparei agorei que a palavra completude eu a escrevi como "completudo". Eu prefiro querer tudo a querer nada. Completude é terrível.

4 comentarios:

Anónimo dijo...

É a falta de uma falta.

Anónimo dijo...

em cima!

Anónimo dijo...

mas pra criar precisa disso né?!

Anónimo dijo...

A completude é o encontro com o Nosso lar, lugar onde Deus apenas pode ouvi-la...É o fim de tudo e do nada... Não obstante, prefiro falta a faltar em vida... ou morrer jovem


Mari