lunes, septiembre 03, 2007

Das separações possíveis

Eu, minha mãe e minha avó na sala. Somos três mulheres às voltas com as mulheres que recortamos de nós. De tanto catar o feijão, mamãe é pura fluidez de pensamento. Minha vó, deu de falar sozinha depois de um certo tempo. Descobriu que o caminho é solitário e que de nada adianta a transmissão completa, até porque ela é impossível. Mas é justo na tentativa de explicar que ela nos incomunica. Sou pura distância e agressão se me tiram o conforto dessas poucas palavras: - agora não, estou escrevendo.
A minha angústia palavrosa, não me permite ficar calada e escutar com mais calma o barulho da peneira e do feijão, da voz e do silêncio, do papel e da caneta. É como se eu, apesar delas, só tivesse tempo para mim. E elas, apesar de mim, só tivessem tempo para elas. Entre obediência e rebeldia, prefiro o desconforto de não saber o certo para, conforme vovó, incomunicar meu tempo e recolher de mamãe o bom feijão que amanhã já não será mais tão bom assim, exigindo nova separação. O que precipita delas em mim retorna no des(a)tino de escrever, no cuidado de me escrever, à medida que me destaco em rearranjos de letras .

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