Eu tive medo de admitir que não queria sair de casa, porque em casa era muito ruim, mas era bom também. Eu só saí por causa da professora de português que me chamou para pedalar todas as tardes e depois brincar de ser escritora na casa dela. Eu só tinha nove anos e qualquer menina de nove anos, se você olhar de perto, se anima de escrever. Eu me animava, do verbo animar, de encher de anima, de alma, de vida.
Eu nunca quis roubar o lugar da professora, pois eu precisava dela para viver. Então inventei um olhar de engulir saber que fazia a maioria dos mestres querer me ensinar. E eu gosto de aprender. Mas depois que a gente aprende uns vinte e poucos anos na cadeira do aluno, inventam de dizer que você já pode ensinar alguma coisa. Eu não sei.
Hoje um professor me diz sobre o meu andar infantil-juvenil-senil apontando graça no meu estilo e leveza de circular nas idades. Ele me diz: "seus trabalhos merecem ser vistos, ouvidos e sentidos multi-etariamente". Nele eu acredito. É como se fosse o meu pai falando preu sair de casa, ir tomar brisa e andar de bicicleta com a professora.
Essa história não é minha, mas teve um dia que eu quis muito ela pra mim.
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