lunes, febrero 25, 2008

Balada de Sofia

With one wish we wake the will within wisdom
With one will we wish the wisdom within waking
Woken, wishing, willing
(Song of Sophia - Dead can dance)
Querido Rafa,

Você me pergunta assim, à toa, sobre Sofia. Uma perguntinha boba, despretensiosa, mas sincera – sou eu colocando palavra na sua boca. E a única vontade que eu tenho nessa resposta é de dizer que a moça vai xoxa e faço uma loooonguíssima pausa pensando se esta palavra não seria no ch, recorro ao dicionário [amém] e penso que deveria saber escrever isso, afinal quando eu quero sou doutora em chochice. E outro dia alguém me dizendo como eu me maltrato, que eu não erro palavra, eu invento é coisa. Mas, eu discordo. Outro dia escrevi despretensão errado e no outro engulir, em vez de engolir, e assim vai. Não vou colocar a culpa na multimídia dessa vez. Ando falando feio, errado, torto sim e isso não é ao acaso. Aí você, tac!, me pergunta da menina e eu afobada digo qualquer bobagem. Mas, conhecendo você, ou pelo menos, supondo que te conheço, paira uma dúvida sobre sua pergunta: era ou não para valer?
Pra mim foi.
Rafa, existe uma doença do sistema imunológico, aquele que nos protege das doenças [e vai vendo que proteção nem sempre é ruim, nem sempre...] que faz com que o sujeito produza a sua própria destruição, assim eu leria Sofia que produz estilhaçaria, mas acontece que retorna uma dúvida enorme, crucial acerca de se o diário de sofia é sófia ou é apenas o seu diário.
Se as palavras da gente não são a gente, eu não sei o que é.
Teve uma vez, aquela série imagética do parto da menina que terminou em aborto. Eu lembro como você ficou triste. E acontece novamente de uma unidade terminar estilhaçada e, confesso, eu não sei muito bem o que se deu e se repete. Tipo, você vê o Berni e a sua Ramona...coisa mais linda eu nunca vi. Sofia podia ser minha, mas a moça já ganhou vida própria e eu deixei ir. Claro que estilhaçaria vem do diário de Sofia, mas Sofia parece algo totalmente superado. Posso estar equivocada como vem acontecendo, recorrentemente, com as palavras.
“Acho tudo muito simples” era o título do emeio de um amigo já faz uns bons cinco anos.
Hoje eu discordo com tranquilidade. Conturbemos.
É preciso deixar certas coisas irem embora, porque, a verdade é que, algumas coisas, estão perdidas para sempre. Já estão perdidas. E é justamente aí que eu me separo da menina pra ler de longe, como se não fosse comigo.
Meu texto é péssimo, eu sei, mas a vontade de fazê-lo bonito, vistoso, sabe, um senhor texto, um homão de ler, é enorme demais.
Eu preciso falar claro, eu preciso falar bem, não, eu não preciso, eu quero e querer me dá um pouco de ar, eu quero é respirar limpo, puxar o ar com força lá no fundo e soltar com toda a minha fúria e perdição.
E eu preciso mesmo que me perguntem, de maneira eu não esquecer que a pergunta é sempre minha por mais que venha de qualquer outro que não é um outro qualquer, nunca é.
Rafa, hoje eu também sou pura pergunta, pontão de interrogação espetado na cabeça.
E é preciso ter coragem nessa busca, ninguém sustenta um desejo batendo em retirada.
Adelante!

Eternamente agradecida,
L.

1 comentario:

Anónimo dijo...

Não é por ser pra mim não, mas assim, um dos textos que me mais legais; tá entre as suas bolinhas de gude mais bonitas. E não são bolinhas de gude, né, esqueci o nome.

Eu passei um tempázio sem ver como andava tua pena, perdi algumas temporadas, nem sabia do nome novo (pra mim é novão). Tô satisfeito, Sofias são pro mundo, e tome etc.

Hoje me confundi achei que tinha montes de textos novos - mas montes mesmo - até que vi que era tudo velho. Caí bem nas despedidas de Sofia. Aí depois que li essa aqui. Ficou uma ordem bonita.