Eu te contei esse sonho não para te encher de ciúmes e raiva, mas para dizer que tudo é anterior a isso que te conto agora. É horrível relatar, por um lado, porque o sentimento daquele momento é irreproduzível, mas por outro alivia, eu acho, a angústia de alucinar que sim, tudo, o tempo inteiro. Ontem ele me disse que não acreditava no que eu acreditava somente, mas também numa coisa maior. Eu expliquei que quando a gente quer se fazer ouvir precisamos acolher antes a voz do outro para depois dizer da gente porque se a gente rejeita logo o pensamento alheio o outro não escuta nada. Ele disse que sabia disso. E então eu percebi que ele não tinha desejo de me comunicar nada. No sonho o velho tutor me aparecia com uma voz oracular acalmando minha angústia e brincando de esquecer tudo o que tínhamos passado. Eu amo o oráculo demais, apesar de não acreditar na resposta final. Foi isso que o incomodou e a discrepância veio num momento posterior: ele falou de teorias da origem, mas sem se preocupar com a origem e sim com tudo o que ela mantém. Senti-me uma burra de cabeça causal, mas de uma fé profunda também. Antes de dormir pedi que viajássemos na semana santa porque eu odiava ver Cristo na cruz. Eu queria ir até a procissão para ver se desciam, pelo menos dessa vez, o homem de lá. Isso eu chamava de fé e ele de incoerência.
miércoles, febrero 06, 2008
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