Se pudesse explicaria tudo e deixaria tudo sem graça
Para não sentir angústia nunca, aperto no peito e dor na barriga
A falta de graça apazigua o coração dos aflitos e lhes oferece em troca objetividade e simplicidade
Eu esperaria que fosse assim sempre mas isso só durou antes do dia em que conheci você
Tem falta de você aqui dentro
Dormi e sonhei que eu estava toda machucada
Você me oferecia band-aids, mas eu os recusava
e dizia que minha mãe podia fazer isso melhor
você concordava e se despedia porque havia ali uma verdade
eu estava muito machucada e você se culpava
e depois dizia que a culpa era de um tal de Beto
Perder para sempre é sempre a melhor alternativa
O coração não esquenta e a gente vive bem assim
Conformado, em subserviência
Ela preferia perder todos os tempos e todos os homens e todos os amores
A viver na escravidão de uma memória intacta
E sendo intacta, conclui-se, melancólica
Porque o tempo sempre passa
O tempo há de passar
Se a gente fosse para uma vila eu podia cuidar das crianças
E ensinar para elas a leitura e a escrita que é a maior novidade que alguém pode ter
Porque é uma novidade que inventa novidades e sabedorias
Você viraria pescador
Não faltaria em nossa casa o alimento e nem de longe o tédio mandaria lembranças
Abandonaríamos a vida turva, a vida opaca, a vida cinza da cidade
E nasceria mais tempo para o amor
A maior parte das pessoas viraram pedras de ódio
O que torna possível distinguir essas pessoas da vida mineral é o brilho nos olhos
O brilho do ódio que torna a cidade menos seca e mais lustrosa
O brilho do ódio ilumina a cidade
Você virou pedra na cidade de concreto com luzes alternadas
Tenho um vestido de algodão grosso
Que é durável, de muita qualidade
Que resiste a lavagens e secagens sucessivas
Mas que uma vez lavado perde a textura inicial
Ele está guardado em algum lugar dentro de mim
viernes, enero 08, 2010
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