miércoles, abril 21, 2010

O passado

Nunca entendi o sorriso amarelo dela para mim ou mesmo a cara fechada. A simpatia que me cabe, tão antiga, me protegeu de ser sozinha e do conforto de ficar indiferente. Diriam: nada como o tempo para explicar as coisas. Eu diria: nada como o tempo para tornar mais turva a Coisa. Ainda que o tempo pareça oferecer alguma resposta, se afasta brutalmente da experiência mais primitiva, mais real, mais feroz.
Quem não quer ser amado, atire a primeira pedra.
Quem o quer, sabe do que eu falo.
Hoje tenho uma indicação preciosa dele para algumas coisas que, se não me conforta, me faz devolver o sorriso amarelo para ela, talvez, justo na hora em que precisava daquela simpatia infantil.
Os vizinhos diziam na padaria que a menina no colo do pai era uma caixinha de sorriso, tipo caixinha de música, mas de sorriso. Era só abrir [se abrir] e ela sorria. Apesar de não ir com todo o mundo, sorria. O povo achava que era pra seduzir, que era pra ganhar o outro, quando na verdade sentia-se feliz no colo do pai, porque achava que dali de cima [do colo do pai] tinha o mundo dos grandes. Era grande, quando todos queriam ser ela.
Era ela, quando deveria ser grande
Era ela. Quando deveria ser.
Era ela quando deveria.
Era ela, quando
Era ela,
Era. 

1 comentario:

Fê Simonassi dijo...

Lu amiga nova! quero muito estreitar os laços de amizade! Você é daquelas que agrega! Amei esse texto. bjo.