I love london

A casa era subterrânea. Parecia um antigo esconderijo de guerra. Ocorria de me perguntar se os ingleses haviam ficado ao lado dos nazistas e logo concluía que não. Quem teria se protegido ali? Eu. Subia escadas estreitas e alcançava as ruas largas de paralelepípedo. Pareciam as ruas da Alemanha nazista que conforme expliquei mil vezes foi apelidada carinhosamente de Ouro Preto. No caminho tinha um resto de mata atlântica e muitas aves - nesse ponto eu lembrava tom jobim: "ele gostaria de vir a Londres". Mais a frente como um filme de terror via aves empalhadas e penduradas do pescoço para baixo. Lembrava de me perguntar por onde haviam ido suas cabeças. Para onde vão as cabeças que rolam? Respondia hilstianamente: "os olhos dos bichos são umas perguntas mortas". Seguia angustiada com a chuva que começava. Antes de resolver voltar ao abrigo comprava fitas coloridas de amarrar no tornozelo e no pulso e umas blusinhas baby look grafadas com I love london. No lugar do love havia um coração vermelho que plagiava I love NY. Escolhia a fita vermelha e tal qual Joze de Reinaldo amarrava no tornozelo. Ao amarrar lia: Lembrança do Nosso Senhor do Bonfim da Bahia. Suspeitava da minha Londres invadida de Brasil e sem o campo verde que alucinadamente buscava e não encontrava. Voltava pro abrigo correndo. No quarto abria a janela e experimentava a água do mar. Era um sinal que me levava a subir rapidamente as escadas e tentar fugir do esconderijo. Mas a chuva invadia o meu quarto-sala subterrâneo e era tão forte que eu não conseguia lutar contra a força da água. Valei-me senhor do Bonfim! E era transportada dali para um lugar que ainda não consigo escrever.

Prioridade da minha lista de afazeres: estudar inglês britânico urgente e trabalhar na tradução desse texto.