martes, abril 17, 2012

war



Sei entender a vizinha do andar de baixo protestando com o cabo de vassoura em seu teto e meu piso, pouco glamoureuse, o toc toc infernal de minha sandália flamenca.

Da mesma maneira, sei entender quando a rainha do mar esbraveja, deselegante, que o mar é só dela, quase me compadeço, coitada. Riscamos mapas em terras de ninguém e chamamos de nossa terra, minha rainha. As coisas do amor são terras desse tipo e mesmo sabendo disso - saiba, não subestimo sua inteligência - sucumbimos ao medo de perder o que julgamos ser nosso, no entanto, atenção: o amor tem várias caras e diversas possibilidades de se exercer, acredite.

Nessa hora de conclusão, uma precariedade feita de carne e osso reclama o atraso da alma - como não pude notar? - em constituir a metáfora que me entra invasivamente pelos olhos. Não fascino e me adianto.

Te aviso, homem universal, que não sei jogar damas muito bem, mas aprendo war com facilidade e prazer. Se te interessa esse jogo, siga nessa pró-vocação. Se assim o for, é sábio caminhar por aí. É um informe e um sinal: não se atrase, coração, em tomar sua posição no jogo.

É que eu dispenso horas e horas construindo estratégias de te perder: maneira de te reter. É um jogo nebuloso esse seu, mas minha guerra não é fraca, é conceitual e cheia de conflitos trágicos (com perdão da redundância).

Muito me interessa os debates sinceros, como podes constatar, quase bélicos, se necessário, mas sempre honestos que não sou mulher vil. Por isso, talvez, minha inaptidão à literatura, esse deslumbrante véu de letrinhas, mora?

Sou a moça da torcida dizendo ao jogador que jogue a bola, que faça o gol e alegre seu público fiel, mas se me retiram do banco sou capaz de rodopiar a baiana que não há. Não duvide: há tempos frequento extremos e o faço com habilidade.

No intuito de me aperfeiçoar, treino mediações. Ainda rudimentares. Por isso, cuidado, não judie de meu coração assim, pois se eu soubesse mediação como sei extremo, com o vento lá fora não me importaria e toda essa poesia que nos ocupa nesse momento seria letra morta. Duelemos, com dignidade,  esse falso amor, que pode dar o que falar, se soubermos cultivá-lo.

No hay comentarios: