martes, enero 29, 2013

Chuva de verão

"Oh, Jokerman, you know what he wants
Oh, Jokerman, you don´t show any response"

Quando eu pedi que você me esperasse mais um pouco, não houve negociação. Eu reivindicava o tempo que nunca me concederam para me despedir.
Qual cão de Maria Rita Khel, fui atropelada na rua, a caminho do MST, e passo agora horas e horas e horas empenhada em escrever o tempo que nunca tive, a mais bela carta de amor que já se viu, quando na verdade, pensava em dizer a mais bela carta de despedida.
(Existem certas coisas que não posso te dizer aqui, no corpo da literatura, porque ela é fofoqueira)
Exerço, desde então, beleza no que mais me horroriza para não me deixar engolir tão facilmente, mas ainda não sei fingir que não vi sua piscadela de dentro do seu carrão-não-sei-o-que-lá-defender na chuva. Nessa altura, eu que já estava toda ensopada (de amor?) aproveitei para fazer fotos de gritos mudos nos muros do bairro que escolhi para te perder.
Quase não te perdoo por você preferir o I de um nó que te oferta outras duas possibilidades, cacete.
Ajeito meus óculos que se seguram em meu nariz como se fossem meus olhos presbíopes, mas não: de perto eu enxergo bem e, justamente, por saber disso, você acelera para bem longe, foge com intuito de me confundir.
Perdida, intuo sua presença na distância. Confiro da janela, a praça, o bar, as ruas molhadas e alguns apartamentos ainda acesos, apesar da noite alta, tanta gente suportando a solidão, meu Deus, tende piedade de nós.
Circulo com uma faca afiada pela casa e depois, cansada dessa personagem, me lanço exausta no sofá, meio bêbada e durmo sorrindo.

1 comentario:

Anónimo dijo...

nossa!! fiquei muito tempo ausente!
tem muita coisa pra ler agora!!! rsrsr