lunes, julio 04, 2016

Das desilusões


Naquele dia ele me explicou calmamente que a polícia é a representação do estado e que por isso - e por outras coisas também - ele era contra toda forma de estado.

Eu quis saber um pouco mais, mas me desculpei pois tinha de ir embora cedo para um casamento. Ele sussurrou no meu ouvido que não acreditava em casamentos.

Noutra oportunidade pude conhecer a mulher dele que também era anarquista. Pedi que ela me explicasse como era viver sem acreditar nas instituições, nas imagens, nas ilusões. Simpaticamente ela se ofereceu para ir ao meu bairro. Queria que eu lhe apresentasse o centro histórico e que então me explicaria sobre a questão que eu formulara.

Deu sábado à tarde e ninguém apareceu.

Soube que ele morreu por overdose de cocaína. Dela nunca mais tive notícia. Eu sobrevivi com a minha pergunta.

1 comentario:

Árida dijo...

o amor, esse capitalista, faz retornar ao pó nosso de cada dia
também não curto pólicia