sábado, mayo 28, 2016

Atacama III

No deserto uma página se abre. Posso efetuar pesquisas sobre minha memória pessoal. Sonho e sei que estou sonhando. Me apresso com pedidos ao oráculo onírico, avisada de que "tudo que é bom dura pouco". Músicas da adolescência. Search. Desencontros cômicos. Search. Casa de praia. Search. Passeio de mãos dadas com Il aos 14. Search.

É um presente bonito esse que me dou, uma delicadeza que ouso me permitir depois de tanto tempo. 

Faço viagens escolares. Fumo o primeiro cigarro escondido. Meu coração arde numa tarde de sábado: é o barulho do plástico que meu irmão rasga afoito abrindo nosso primeiro disco do Zé Maria. Comprávamos coisas em parceria. Eu ainda nem dava uma volta em jardim Camburi. Sempre que fui muito feliz, eu soube de algum modo.

Sei que aconteceu no sonho dessa tarde. A felicidade existe. Está em algum lugar em mim, esperando eu perder o medo de sua presença inenarrável, traumática, difícil. 

No hay comentarios:

Publicar un comentario