Naturalmente tudo iria mudar. Agora eu peguei essa mania do naturalmente. Não sei de quem exatamente ou de onde, mas tenho uma pista bem ofuscada dos motivos de seu retorno. Naturalmente naquele sentido de seguir uma ordem NATURAL, já esperada, quase inevitável. Naturalmente eu vou me perder nesse texto que agora escrevo apostando que, depois de escrito, eu possa dormir melhor.
Acordei aflita do pesadelo dessa noite e se não conto é porque o nível mínimo de elaboração que me prestei na feitura dessa montoeira de imagem escancara o que devo preservar só para mim: ando preguiçosa, antes eu sonhava mais bonito.
[Vontadinha de contar, mas não conto. Não aqui. ]
São quase quatro horas, amanhã trabalho.
Alucino um barulho de rádio de polícia, talvez. De um rádio apenas. Mas se eu dissesse a vocês só rádio ia parecer qualquer outra coisa. Bom, poderia ter dito óquitóqui, mas segundo me avisaram ficaria cafona dizer isso assim e vocês sabem do meu esforço para tudo não virar uma cafonalha só. Eu estudo, gente, tenho me esforçado, é sério, mas não peço que vocês me perdoem isso de agora.
Eu sei, eu sei que escreveu, não leu, o pau comeu [sempre que eu vou dizer esse ditado, penso: escreveu, comeu, o pau não leu].
Gente, é muita coisa.
Eu verifico se a pessoa que deita ao meu lado dorme. Ela dorme.
Preciso descansar, mas se não contar, não consigo...
z..zzz..
não quero...
zzzz...
Como eu estava dizendo, naturalmente tudo iria mudar. Eu sou mesmo acomodada pra mudança - já me acomodei que mudar é preciso. O que eu queria dizer é que nem sempre a dignidade própria é o que vigora. Isso eu aprendi. Isso é importante deu dizer para poder dormir.
Lá fora é barulho de nada, coisa jogada fora, tempo passando lento, noite alta lá fora.

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