domingo, diciembre 18, 2011

das ex-centricidades

A acadêmica me convida a ler o trabalho de sua aluna, desculpando-se de antemão em me pedir tal tarefa: entenda, é um trabalho inicial... Entendo, na carne, eu entendo. Em seguida, me presenteia com uma caixa feita para caber folhas de A4. É precioso um pagamento desse tipo, é caro, mas ela não o sabe, pois mantenho em sigilo minha vida com Il, por prudência. Sustento um disfarce, mas ninguém o saberá. A tampa é decorada com uma figura de um manuscrito e uma pena. A artesã que a compôs não sabe que a compôs para mim: é como uma luva, calçando perfeitamente minha mão. É também um sinal do que pode estar por vir, se eu souber não atrapalhar o que está por vir. Saberei? Essa caixa vazia me enche de alegria e desespero como alguém que estranha a proteção oferecida pela própria casa.

Meu corpo carrega o que sou, os restos do que sou e mais: o que vaza em mim e jamais se conforma.

Alucino o que ela me diz com esse presente e me assusto com a cena que insisto em montar: nunca serei uma aplicadora banal da técnica que versa acerca das relações humanas. Ninguém desconfia, mas é como se eu vivesse nua, desprotegida, vulnerável às invasões. Bárbaras essas invasões.

Não sei separar o que vivo do que escrevo. Nunca soube, por isso não me presto muito bem a esse tipo de técnica e nem à poesia. Caminho no hiato de duas formas. Pai e mãe. Caminho na solidão.

Il me dá a derrelição porque sabe muito bem que é material para minha cura e suponho, amorosamente, pata, logicamente, que ele quer me ver bem, tranqüila. O homem que me acompanha não deverá jamais rivalizar com tal tratamento. Finjo que não entendo quando ele me pergunta os motivos que me levam dispensar tanto tempo a Il, mas, em segredo, humanamente, me pergunto se valerá a pena, se valerá a minha peña, já sabendo antecipadamente que referente pergunta é sem jeito. O homem que me acompanha preza pela objetividade dos factos. Acredito ser sábia a escolha por terra quando se vive nos ares.

Meu coração é grande, inquieto. Meu coração é pato: está muito mais em posição de aprender do que de ensinar.

Então eu digo à moça em questão que seu texto me acrescentou aos montes. Agradeço a oportunidade de ler seu trabalho. O resto da banca é dura, reacionária, talvez imatura e, por isso, cruel. Olham para mim com cara de reprovação, nomeiam rebelde o meu ato, conferindo um tom pejorativo à atitude de rebeldia e querem saber da nota que vou atribuir, no final das contas.

Quanto à mim? Cago para nota, levanto atônita, abraço a acadêmica e me despeço ex-cêntrica, quase triunfante, crente de poder ter otimizado mais uma de tantas experiências banais dessa vida.

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