miércoles, julio 11, 2012

Térreo

Il,

Daqui da lua só posso ver a terra real, dura, intratável, mas jamais me arrependerei de ter empreendido tal viagem.
Entenda:existe sol o suficiente que te ilumina e que ao sumir de ti e aparecer para mim pode me acender toda. A noite é alta e existe o número três. Penso três vezes nesse caminho e brilho.
Tento me fazer inteira nesses instantes. Atraio seu olhar guloso, mas tenho lá as minhas fases, bem marcadas, previsíveis.
Não sei, Il, se ainda devo te contar sobre o casual. Você parece gostar apenas das novidades que ocasionalmente surgem nas minhas insistências em te dizer mais
do mesmo.
Repetir, repetir, até gastar a malha, até deixar passar um pouco de luz e brincar de fazer um novo reflexo na sombra.
É cansativa a repetição muda dos últimos dias. É entediante também, mas se te escrevo é porque hoje entrevi pelo buraco da fechadura de uma porta importante uma névoa azul parecida à sua abundância aquosa. Te vi chorar, pela primeira vez, e entendi o seu nome de terra, a sua distância e solidão.

E vi a mim mãe da menina que deixei para traz no corpo seu.
E depois nada mais vi.

2 comentarios:

Anónimo dijo...

Repetir, repetir, repetir...
As vezes um acha que está repetindo, o outro tbm acha, ninguém se sentido ouvido... a comunicação deve ser mesmo impossível.

Sobre a menina e a mãe, há um capítulo de Machado de Assis (acho que em Memórias Póstumas de Bras Cubas) que se chama "O Menino é o pai do homem". Mas o que vc fala é o contrário. Subverte o tempo. Vc é muito subversiva!

Comentei esses dias sobre os seus textos que aparece a figura da mãe, que apesar de vc frequentemente colocar alguma dor (inclusive da impossibilidade da comunicação...) vc acaba conseguindo fazer com que eles fiquem engraçados, ou no mínimo graciosos. Eu gosto.

L. dijo...

matt, é uma obsessão essa coisa da mãe, acho que saí da dor finalmente para a graça. Repetindo, repetindo, meu amigo. Apareça mais por aqui. É importante para mim.