jueves, octubre 11, 2012

travessia especular

...eu disse que vim aqui para pedir o seu perdão de todas essas minhas arestas afiadas, esses tapas de luva nada, esses murros desesperados, meu melodrama, minha novela mexicana de todos os dias, porque eu só sei falar que não sei me separar de você, que não me ensinaram, que o amor, caetano, é sufocante - conforme me passaram

...eu disse que vim aqui falar com você sobre esse outro lado da rua que você vê, especula, mede, mas não atravessa. Eu, que te julgo tão corajoso, super herói das palavras, disse que vim aqui tentar entender esse seu excesso de proteção, como se a travessia te-me fosse mesmo de se temer, fosse coisa realmente perigosa e não mera ficção. Mera ficção...única verdade...tudo a mesma coisa.Vim te lembrar que uma vez você me encorajou a atravessar esses nadas tecendo pontes de letras, fios de palavras lapidadas, equilibrista desequilibrada que eu era, ia tremendo e você me dizendo pra ir, pra respirar fundo, que a tal passagem não desintegra, mas deixa mais forte...

...eu disse que vim aqui te pedir pra não desistir, que o espelho treme mesmo, porque é dele tremer e da gente tremer junto quando enxerga que o que nos dá corpo é ficção, mas que é bonito atravessar, porque dizem que, apesar de se perder muito, ficam umas letrinhas poucas de brincar, de inventar com elas

...eu disse que vim aqui te fazer um pedido,

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