Uma pessoa importante me chamou para falar num congresso de
música
- completou que eu havia sido fortemente recomendada.
Estranhei.
Voz, canto e pulsão invocante: “vai ser mole pra você”
Avisei a essa pessoa que comecei um processo de encerramento
da carreira musical aos quinze,
após tomar aulas de violão por um ano e só conseguir tocar
palpite
ficava repetindo aí será que você volta, tudo a minha volta
é triste
e cansei.
Disse que minha carreira de flautista transversa se encerrou
aos vinte,
depois que um psicanalista selvagem falou da minha pulsão
oral exacerbada.
Avisei que eu era cantora de chuveiro.
Mesmo assim, insistiram que eu tinha coisas a dizer.
Então, argumentei que odiava público e que minha voz era
tremida
devido uma inibição infantil que não me largava nem com
análise
Ainda assim, disseram que eu tinha uma puta orelha furada,
que escutava muito bem.
Fui na má vontade.
Em seguida, houveram aplausos e perguntas
as quais não soube responder
porque fiquei nervosa com a cara de não entendimento
da velhota modernosa de echarpe e óculos de acrílico
sentada na quinta fila
do lado esquerdo
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