Meu passado não me condena, do contrário, meu amor, me redime, me acalma e me sustenta na selva presente desses nossos dias que eu tento com insistência amar, pois sei, sou esperta, constituirá um passado bonito para amanhã, se eu souber guiar.
Faço hálito de tutti-frutti: a ordem, o arquivo, o gosto pela história alheia.
Os prontuários como cartas de amor.
O amor, essa doença incurável.
Hoje eu me rendo. Faço crime hediondo na sua boca, no seu pescoço, marco sem piedade o seu corpo com essas palavras. Te animo.
Reivindico o tempo que quase não tenho. Em tempo, me apaixono de calcinha e sutiã, feito louca, caminho pela casa. Taça de vinho numa mão e o livro da angústia na outra. Não consigo sequer ler o que o outro me diz porque me encontro alta de copos, de vida, de amor. É tão difícil manter a lu cidez quando se está enamorado pela vida. Me perco, falo demais, o amor é tagarela, quer se dizer o tempo inteiro.
Conto que faltam apenas cinco folhas - eu ia dizendo filhos - para acabar o meu fatbook, mas não sofro. Posso acabar essas passagens, porque tenho você, meu segredo mais amado.
Sonho então que caminhamos e que te digo coisas que só devem ser ditas ao pé do ouvido com velocidade e sem pudor.
Por experiência sei que é preciso ter cuidado em certas curvas perigosas para não capotar.
Meu balão não é cativo feito o de Pedro, meu balão é colorido e voa na imensidão, sem medo.
Escrevo "sem medo" com toda força. Não querer sentir medo é ter coragem para refazer a velha estrada com firmeza. Mesma estrada mal-dita doutros tempos onde quase me deixei morrer.
À propósito, te menti sobre minha estrada preferida, porque fiquei tímida em admitir ou talvez receosa em te assustar.
Ao pé do ouvido, sussurro veloz, sem pudor, que a minha estrada preferida é esse texto que escrevo e que me leva até você...

No hay comentarios:
Publicar un comentario