Acordo. É o melhor que pode acontecer no campo do pensamento isso que se dá nesse intervalo entre a noção de que estou acordada e do dia que esta por vir. Estiro esse tempo um pouco, mas não muito que o tempo não ressarce minha doçura. Esses dias vazios onde o som das palavras percorre todas as coisas não me deixariam mentir sobre o que acontece. Qualquer denegação ao que se segue seria falaciosa, mas não sucumbo, porque sei que a ficção, essa danada, me salvará. Prossigo. Esses dias vazios onde o som das palavras percorre todas as coisas não me deixariam mentir sobre o que acontece - denego - mas não me sinto triste. Era tão bom quando eu acreditava nas minhas ficções. É tão ruim retornar para essa imersão de real que a vida nos coloca. Mas preciso lembrar para mim que é sempre possível achar uma brecha para respirar. Apesar das câmeras, do controle, dos medos, dos endereços, dos telefones, das chatices, da política. De você e de mim. É possível sustentar uns minutinhos de suspensão. Mas, isso não se consegue sem esforço. Experimente tentar. Desafio, impetuosa. Costuro o tempo inteiro esses trechos que me saem. Meus pedaços. Estilhaços de mim. Como é bom cerzir essas invasões de real. Dar corpo a inconsistência. A vida parece, tem horas, uma continuidade, se me presto a escrever esses pedaços de nada. Estou acordada, lúcida, desperta, não preciso mais ir para um banho gelado. A palavra me acordou inteira. Meto a roupa no corpo. Estranho a cara. Vou ganhar a vida. Não espero entendimento. Não espero mais. Não espero. Não. Que também é sim, na medida em que faz aparecer o desenho dessa palavra não no meio do nada. É o que eu posso dar, para não me ofertar inteira, pasto para o outro que não sabe, não quer saber, não lhe interessa, de onde eu vim e para onde eu vou.
O vento faz música na janela, me chama, brinca comigo, quer ser meu amigo, eu digo que não, não, não, não pode ser tão cedo assim, você me acordar desse modo. E rio. E vou.
O vento faz música na janela, me chama, brinca comigo, quer ser meu amigo, eu digo que não, não, não, não pode ser tão cedo assim, você me acordar desse modo. E rio. E vou.
No hay comentarios:
Publicar un comentario