miércoles, abril 06, 2016

Jornal

Quem dá a pauta sou eu. Não me curvo a maniqueísmos baratos. Rimo pra esquerda, rimo pra direita, vou dançando conforme a música. Eu componho a canção feliz porque é do meu coração cantar, sem me preocupar muito se ela agrada a gregos ou baianos. Quando a única preocupação é o canto, não se negocia com os homens. Todos são corruptíveis. Não meço quantias, justificando lados. 

Descobri que minha voz é boa pra cantar baixinho, sem estardalhaço e a seco. Molhada ela escorrega, foge de mim, desafino, mas sei falar alto também: em meio aos lobos, sou lobo.

Estou à vontade com isso que digo. Meu único compromisso é a minha lida, o meu trabalho e o que me centra. Se lanço mão da política dos homens é com o único objetivo de cantar melhor e o contrário, em minha legislação, não é verdade.

A voz exige o original, o mais puro, o mais íntimo, o ponto duro, o que não tem preço, nem nunca terá.

A voz, esse objeto de mim destacado, não pertence ao mundo dos homens. Ela caminha sozinha e faz parte do universo que existiu antes de mim e que permanecerá depois que eu evaporar, insistindo na boca de outras gerações.

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