martes, diciembre 15, 2020

Notícias do exílio

No sonho eu apareço fazendo uma manobra arriscada e saindo ilesa. 


O amor vem como uma força que me empurra para adiante, mas estou avisada que não posso me encostar ali. 


O romantismo aparece no meu vestido de flor e a cor digna de uma lady. Diy. Do it yourself, baby. Já não é novidade para você a solidão de nossa humana condição. 


Não sei porque raios coloco uma ladeira íngreme nesse sonho para subir e entrar na casa onde um crime quase perfeito não acontece. Só me sobra rir. Estou. Nem alegre, nem triste. Apenas estou. 


Vivendo um dia de cada vez, noto que o significante pode me levar a uma interpretação infinita e me encaminho para finalizar. Há um ponto cego, resistente à simbolização. Aceito isso também e agrego no meu caminho. Um beijo de amor que me acontece em tempos duros, de desesperança que se concretiza quando me dizem que aquele médico, o que salvou a vida do meu pai, noutro tempo, se encontra grave em uma uti, nas últimas, contaminado pela peste. Eu acho que não disse a ele  - o suficiente - o quanto ele foi importante em nossa família. A vida tem dessas coisas. Oro a Deus que tenha piedade dos homens e me alimento desse sonho para virar antecipadamente meu ano. 


Dois anos atrás eu estava em febre, com o peito queimando. Era a apojadura. E eu me colocava firme para sustentar um outro tão frágil. A natureza tem uma força destrutiva, mas também bonita, quando a gente pode enxergar e estou ciente também que nem sempre isso é possível. 


O mar, ao que parece, será interditado. Será um verão desértico e sem refresco. 


Escuto uma voz que quer falar tudo ao mesmo tempo: “mamãe liga o esguicho”. Ah, sim! Encho uma bacia com a mangueira. “Cê quer pular na água!” O sujeito “eu” ainda não é possível a ele. 


Vou percebendo os tempos que estudei na teoria agora na carne viva e isso é algo absolutamente diferente de só saber. Outra escola. 


Ainda falta uma semana para meu recesso. Não tenho planos. Não dá para fazer muitos planos. O que sei é sobre a realidade da distância. 


O rapaz me disse, citando Dostoiévski, que só se ama à distância. Eu amo então. É bom ter a mediação de um sonho, derivado nessas palavras que te dou. 

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