martes, enero 27, 2009

para que eu não me esqueça do dia de hoje [das sensibilidades]

Não preciso abolir o salto alto da minha vida, vai... Ah, tem aqueles saltos que nem são tão altos, na verdade são altos, mas são grossos. Isso me dá alguma estabilidade e posso caminhar tranquila, sem precisar de sofrer horrores por não saber usar a desgrama do salto. Estabilidade. Tranquilidade. Isso tem nome, eu sei. Tem custo também. Meu Deus do céu, não preciso ficar me martirizando o tempo inteiro. Não significa que eu esteja perdida, só porque estou perdendo...hmmm... " compreendeu que um fracasso inicial era necessário". Borges! I think. E se for? Em qual livro mesmo? Esquece. Agora eu já até sei que essa pode ser a solução para mim - pensei no caminho de minha casa até a banca de jornal
ao fundo, um andarilho (talvez seria importante dizer - era mulher - existe andarilha?) com uma voz baixinha que ia aumentando na medida em que o barulho do meu salto na calçada ia se afastando: nem tão alto, nem tão baixo, nem tão alto, nem tão baixo, nem tal alto, nem tão baixo...
- Luciana, foi você que enviou um e-mail para gente?
- É possível. Na verdade, eu não recordo. Pensei tanto em enviar que não lembro mais se enviei ou se só pensei. De qualquer maneira, sendo eu - e portanto outro - ou outra pessoa, compartilho do mesmo desejo. Quer dizer não do mesmo desejo...
- Luciana?
- Pois não.
- O que você deseja?
- Tive um sonho hoje, um andarilho, só que era mulher, quer dizer, uma história de salto alto, quer dizer não sei se sonhei ou se aconteceu, na verdade...
-Luciana...
[guardo a compreensão impossível desse dia só para mim]

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