Dessa vez eu te recebo através da boca de um rapaz melancólico que me conta coisas sobre o amor, o ciúme e a insegurança masculina. Eu vejo que os homens podem ser tão frágeis. Eu tento colocar o mundo no meu colo e dizer para ele não chorar assim, que a vida é dura mesmo, que a gente deve aproveitar do jeito que dá, porque ela é uma só, até que provem o contrário.
É à noite que você me aparece mais concretamente. É uma foto triste a que você me oferta. Uma foto sem lua. Há muita solidão, mas um pensamento te faz companhia...
Você de mudança, corria, se atropelava, porque como seu segredo havia sido revelado era preciso sair daquele lugar o quanto antes. Eu tentava te dizer umas coisas, mandava recado por algumas pessoas, mas não era possível lhe falar.
Você, tão intocável, tão distante de mim.
Na academia de ginástica as pessoas pediam que eu tirasse o tênis e calçasse as sandálias romanas. Diziam coisas em latim e pareciam querer comprovar o que diziam as más línguas, se era mesmo verdade que eu havia roubado você só para mim por uma noite inteira, na mão grande, na bandidagem. Ao verem que sim, passavam a me dar um lugar na turma, porque constatavam que também eu, apesar da minha cara de santa, era corruptível, humana.
Aquela sua foto - eu observava mais uma vez - era um presente doce: no seu olhar dava para ver que você havia pensado em mim naquela noite.
Eu decidia que não te pediria mais do que você poderia me dar.
Eu decidia que escreveria, num caderno, os meus excessos
Eu decidia por tentar me fazer bonita para nunca te perder.
No entanto,
você sempre escapava
pela tangente.
1 comentario:
saudades da sua escrita. esse tanto de letra rasga a pele branca, como lírio, faz vermelho-dor. vermelho-dom.
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