lunes, octubre 03, 2016

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Il, escrevo para te contar o sonho dessa noite, mas simultaneamente ao escrever isso decido não o fazer. Era um sonho de angústia e precisaria de muitas palavras. Tantas e tão inúteis, ao mesmo tempo, porque jamais atingiriam seu objetivo de dizer o sonho completamente. 

Veja: eu enrolo as palavras para dizer nada. Não quero te espantar de uma vez por todas. Não ainda. Então eu só digo que era sonho de abandono. Você me abandonava de novo e mais uma vez. Lá pelas tantas uma janela se abria (presta atenção nessa parte que é bonita) e eu estava num outro tempo rindo do sonho que no próprio sonho virava recordação. Estava fazendo os cabelos com uma escova. Lembro de ter pensado: "é tão bom não me prestar mais a isso". Acordei nesse ponto. 

As flores que ganhei de Dani como presente de boas revindas colorem e perfumam a sala. É bom ter amigos e não se saber sozinha. É bom também não cultivar inimigos, não se perder em ofensas que só atrasam a vida. 

Fiz na sequência um chá de limão pra lembrar de quando eu era filha (se é que alguma vez eu já o fui, você sabe sou órfã). Imaginei que essa seria a bebida preferida de meus precursores. O bom de nascer da barriga do mundo é que não se sabendo filiado, podemos escolher nossos antecessores. Hoje eu escolho a chuva e o vento. Sou filha da chuva e do vento. Sou filha da tempestade. 

Vou te contar um segredo: eu sou a bonança.

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