domingo, noviembre 20, 2016

artesã

Eu quero tudo o que me leva para a vida. Não quero sua cara feia, sua pirraça, seu excesso de demanda me fazendo ter que explicar coisas que talvez nem eu saiba muito bem. Estou errando por aí. Conhecendo o mundo, me conhecendo. Descobrindo onde eu posso colorir, me separando dos gestos que não me apetecem, reconhecendo os meus limites, os seus e ficando em paz com isso. No caminho eu encontro um galho seco que, se tratado, pode dar um lindo arranjo lá em casa, um talo de coqueiro que pode funcionar como barco, umas falhas nos azulejos da piscina de natação onde eu posso compor mosaicos. Eu faria de graça, se o clube permitisse. Sou assim, não tem jeito. É um ponto duro. Quero amar uma civilização inteira que gosta muito de guerra e de luta. Já reparou? Agora tudo é luta. Luta disso, luta anti aquilo outro. Eu fico com preguiça, logo esmoreço. Não vou por aí, mas se isso te acorda, se isso te alimenta, vá em frente. Eu estou ocupada tecendo macramê numa tarde de domingo. Minha amiga cinquentona disse que só eu para fazer ela lembrar dessas coisas. Eu acho que eu sou de um tempo onde a generosidade, artesanato da vida, ainda prevalece. Sou aquele tipo que pede desculpa, que diz com licença, por favor, obrigada e fico feliz com isso, mesmo que o outro, anestesiado que só, nem veja. Me realizo ao dar, não espero nada em troca. Mas quando acontece não vou negar que me enche o peito. Meus olhos viram mar, porque é emocionante ver o amor ressoar no outro. Acontece pontualmente, mas coleciono esses trechos que me fazem caminhar. Meu ciático nem dói mais. Vou observando a paisagem com olhos curiosos e risonhos. Ser feliz para mim é mais ou menos assim.

No hay comentarios: